O programa Fantástico da Rede Globo trouxe uma história emocionante neste domingo, 18, uma menina de apenas 11 anos que sofre de uma mutação genética que compromete os receptores cerebrais e provoca obesidade precoce.
Milena Nos tem apenas 11 anos e mais de 200kg. A família conseguiu na justiça o direito de fazer uma cirurgia bariátrica. Eles são moradores da comunidade de Gonçalves Junior, interior do município de Irati.
No Brasil, o Ministério da Saúde permite a realização de cirurgia bariátrica apenas para pessoas a partir dos 16 anos.
A cirurgia foi feita no dia 8 de dezembro no Hospital do Rocio em Campo Largo região metropolitana de Curitiba. Inclusive ela estava no hospital desde outubro deste ano.
Para a menina, agora a vida deve ser normal.
“Imagino uma vida normal. Uma vida em que eu possa correr, brincar, pular. Quero brincar com minha amiga, aprender a andar de bicicleta. Uma vida normal e de criança. Com 8 anos já imaginava fazer essa cirurgia. [Queria fazer] para mudar de vida”, afirma.
De acordo com a endocrinologista pediátrica Julienne Carvalho, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, a condição é rara, sem tratamento disponível e faz com que o cérebro não consiga entender que o corpo está saciado após comer.
Segundo o médico cirurgião Paulo Nassif, o procedimento foi o último recurso após uma série de tratamentos que não surtiram efeitos na saúde da menina. Conforme o profissional, além dos impactos no bem-estar de Milena, a condição ou a afetá-la emocionalmente.
“Ela não frequentava mais escola, não tinha mais os amigos, ela tinha um convívio fechado com o pai e com a mãe em casa”, afirma Nassif.
A previsão do médico é que Milena receba alta nesta segunda, 19. Após a recuperação, entre os planos da adolescente está brincar em um parquinho construído pelo pai dela na casa da família.
Regramento
Milena conta que já estava acostumada com o regramento. De acordo com a adolescente, antes da cirurgia a dispensa da casa da família ficava trancada e eram raros o momentos em que ela podia comer comidas diferentes.
“Uma vez na semana eu comia coisa diferente, era no domingo e eu comia maionese. O resto era tudo regrado”, conta Milena.
Nassif explica que mesmo após a cirurgia, a mutação genética não é resolvida. Entretanto, a qualidade de vida da adolescente deve melhorar.
“A decisão pela cirurgia, já que nós não temos um tratamento específico para a parte genética, foi justamente para que a gente tirasse essa alta chance de mortalidade que ela se encontrava”, ressalta o profissional.
Depois do procedimento cirúrgico, a jovem ainda deverá fazer um tratamento com remédios e deverá tomar alguns cuidados em relação à alimentação.
“Em relação à obesidade é uma rotina que a gente usa para todos os pacientes: orientar o que pode comer e o que não pode. No caso dela, que tem essa mutação genética, a gente precisa dessa vigilância muito firme para que ela não tenha a possibilidade de comer volumes de comida, porque agora ela tem o estômago pequenininho e isso pode acarretar complicações”, afirma.