
O Paraná registrou o maior volume de investimentos liquidados da história para um primeiro quadrimestre, segundo relatório fiscal apresentado nesta segunda-feira (26) na Assembleia Legislativa. O secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, acompanhado de técnicos da pasta, detalhou os dados e respondeu a questionamentos dos parlamentares durante audiência pública.
O balanço, elaborado em cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que completa 25 anos, traz um panorama das contas públicas e permite à sociedade acompanhar a gestão estadual.
De janeiro a abril de 2025, o Estado executou R$ 655 milhões em investimentos liquidados, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram pagos R$ 546 milhões. Este é o maior valor da série histórica.
“Temos um investimento um pouco menor no total, considerando o período eleitoral, mas nunca liquidamos tanto como agora”, destacou Ortigara.
Principais áreas de investimento
O total de investimentos chegou a R$ 1,6 bilhão, com foco nas seguintes áreas:
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Transporte rodoviário: R$ 514 milhões
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Infraestrutura: R$ 401 milhões
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Outros investimentos: R$ 350 milhões
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Educação básica: R$ 93 milhões
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Policiamento: R$ 73 milhões
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Serviços urbanos: R$ 53 milhões
Crescimento da arrecadação
As receitas totais do Estado cresceram 3% no período, ando de R$ 24,5 bilhões em 2024 para R$ 26,6 bilhões em 2025. Já as despesas subiram 2,1%, fechando em R$ 29,3 bilhões.
A receita tributária teve alta real de 3,4%, somando R$ 14,6 bilhões, puxada pelos aumentos no ICMS (+4,2%) e no ITCMD (+6,7%).
Mesmo com a isenção do IPVA para motos de até 170 cilindradas, o imposto teve crescimento real de 1,1%, totalizando R$ 2 bilhões arrecadados.
O relatório ainda aponta que a economia do Paraná cresceu acima da média nacional, impulsionada pela recuperação da indústria, pela boa safra agrícola e pelo aumento de 20,5% nas exportações de carnes.
Limites constitucionais e gastos
Na área da Educação, o Estado cumpriu os limites legais, com um índice de 30,04% em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) e aumento de 4,86% nas despesas empenhadas.
Na Saúde, houve queda de 2,2% nas despesas gerais, mas aumentos importantes em Assistência Hospitalar (+17,3%) e e Terapêutico (+37,1%).
O investimento em Ciência e Tecnologia cresceu 64%, chegando a 0,60% do orçamento.
A despesa com pessoal subiu 7,76%, ando de R$ 32,1 bilhões para R$ 34,6 bilhões, porém permaneceu abaixo do limite prudencial da LRF.
Debates e questionamentos
Durante a audiência, parlamentares fizeram questionamentos sobre abertura de créditos suplementares, subestimação da arrecadação e a reforma da carreira da educação básica.
O deputado Arilson Chiorato (PT) criticou a prática de abrir créditos suplementares, que teria somado R$ 2,3 bilhões em 2024 para despesas de pessoal. O secretário rebateu: “Trabalhamos com seriedade na execução orçamentária”.
A deputada Luciana Rafagnin (PT) alertou sobre possíveis distorções nas projeções de arrecadação, enquanto o deputado Professor Lemos (PT) apontou defasagem salarial dos servidores frente à inflação.
Outros temas debatidos foram os impactos da geopolítica internacional — especialmente nas relações com a China — e a necessidade de políticas públicas voltadas para as bacias hidrográficas do Paraná, destacada pelo deputado Goura (PDT).
O líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD), concluiu: “Apesar dos desafios, vemos um Paraná que avança, com investimentos robustos e uma gestão fiscal responsável”.