No sábado, 12, dez dias após cinco trabalhadores morrerem em um grave acidente na BR-476, moradores da região realizaram uma manifestação pedindo soluções para o trecho entre União da Vitória e São Mateus do Sul. O ato aconteceu próximo ao Trevo de Paulo Frontin e contou com a participação de dezenas de pessoas que exibiram faixas e distribuíram panfletos aos motoristas que avam pelo local.

Segundo os organizadores, o movimento foi um grito por socorro e um apelo por melhorias imediatas na infraestrutura da rodovia. “Estamos aqui cobrando um basta nessa situação. Ninguém aguenta mais. São vários acidentes por dia. Até quando isso vai, sem respostas concretas? A gente não sabe o que vai acontecer, se vai ter obras na rodovia ou se mais uma vez será só mais um tapa buracos”, disse um dos responsáveis pela manifestação, identificado apenas como Juliano.

A ordem de serviço para início das obras na BR-476 foi assinada em janeiro deste ano. A expectativa era de que a empresa Ethos Engenharia de Infraestrutura, vencedora da licitação, chegasse na região logo nas semanas seguintes à do contrato, fato que não ocorreu.

Em fevereiro, a reportagem de O Comércio entrou em contato com o deputado federal Tadeu Veneri, um dos representantes da região na Câmara dos Deputados, que informou que o motivo do retardo no início das obras era o atraso na votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, documento que estabelece receitas e fixa as despesas do governo federal para o ano, indicando quanto será aplicado em cada área e de onde virão os recursos.

A votação ocorreu no final de março, dessa forma, a empresa já está apta a iniciar os trabalhos na região. Em entrevista nesta quinta-feira, 17, ao programa União é Notícia Segunda Edição, da Verde Vale FM 94.1, o deputado federal Zeca Dirceu disse acreditar que, agora, a obra terá a celeridade devida. “Eu não estou fazendo um exercício de adivinhação. Não é nem otimismo só. É porque existia um entendimento que era o fato do orçamento do governo federal não ter sido aprovado. Esse problema foi resolvido há duas semanas. Finalmente, depois de a gente brigar, insistir muito, o Congresso aprovou o orçamento. Então agora o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) tem todas as condições de dar o e financeiro à empresa. Agora, é claro, a empresa tem que executar a obra. Ela vai ser cobrada disso. É uma obrigação dela, e a gente vai estar muito atento”.

O que será feito?

Segundo o contrato de número 00932/2024 firmado com a Ethos Engenharia de Infraestrutura, o valor inicial da obra está orçado em R$ 83 milhões, valor que tem sido contestado por parte da população, que acredita não ser suficiente para uma obra de grande porte. Zeca Dirceu, entretanto, garante que o montante destinado está de acordo com as necessidades da via. “Eu imagino que a insatisfação da população, além de ser justa, está muito mais relacionada à lentidão, vamos dizer assim, na execução da obra, do que na dimensão de obra que vai ser feita”.

De acordo com o deputado, a obra prevê, para a pista de rolamento da BR-476, remendos profundos nos pontos críticos, fresagem contínua e descontínua, reperfilagem e aplicação de nova camada de concreto asfáltico, com espessuras variáveis de 5 cm a 8 cm, além de aplicação de microrrevestimento asfáltico em toda a extensão da pista. Nos acostamentos, serão feitas a reperfilagem, fresagem e micro revestimento com nova camada asfáltica ao longo de todo o trecho. Também serão feitas obras de drenagem, construção e recomposição de meios fios e sarjetas. “Ainda tem um conjunto de obras complementares que vão ser feitas também. Sinalização, roçada, limpeza, porque haverá uma sequência também da manutenção do que for feito. Então me parece ser um contrato bem amplo, tem exigências bastante razoáveis. A empresa que ganhou a licitação vai ter que começar a cumprir o contrato, agora que tem disponibilidade orçamentária”, completa Zeca Dirceu.

Estadualização

Representantes do governo do estado pedem a estadualização do trecho entre União da Vitória e São Mateus do Sul. Uma reunião marcada para o dia 24 deste mês, no Palácio do Planalto, deve levar o tema à ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, Gleisi Hoffmann. Para Zeca Dirceu, o tema deve ser debatido. “É uma questão para se discutir mais, né? Eu acho que é importante, inclusive, ouvir a população, os prefeitos da região, vereadores, lideranças políticas, partidos. Acho que tem que ter um debate amplo sobre isso daí. E qual é o compromisso futuro? Vão depois pedagiar essa rodovia? Não vão pedagiar? Ela vai entrar em alguma concessão? Não vai entrar? A gente tem que também entender um pouco qual é o compromisso futuro. Eu não estou aqui fazendo nenhum pré-julgamento, estou levantando realmente questões que a gente vai discutir dia 24 e vai estar tendo todo um debate. Os órgãos de imprensa, a população, as lideranças, as autoridades têm que ser envolvidas nesse debate. Eu sou muito de ouvir antes de decidir”.

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