O adeus a Francisco, primeiro Papa das américas

“Franciscus”. Essa será a única palavra impressa na lápide do Papa Francisco, morto na segunda-feira, 21, aos 88 anos. O pedido foi feito pelo pontífice em testamento escrito ainda em 2022, ao perceber o declínio da própria saúde.
A notícia do falecimento de Francisco pegou os fiéis de surpresa, apesar da debilidade do pontífice, que permaneceu internado por 38 dias no hospital Gemelli, em Roma, devido a uma infecção respiratória grave, que culminou em outras complicações. O Papa, entretanto, recebeu alta em 27 de março, realizando, após isso, algumas aparições públicas.

Foto: Vatican Media

A última delas foi no domingo de Páscoa, poucas horas antes de sua morte. Na oportunidade, Papa Francisco saudou os fiéis que se aglomeravam na Praça de São Pedro e, após, fez aquele que seria seu último eio no papamóvel. “Você acha que eu consigo?”, teria perguntado o pontífice a seu assistente pessoal, Massimiliano Strappetti, antes de embarcar no veículo. Após breve giro pelo local, Francisco agradeceu Strappetti com as palavras “Obrigado por me trazer de volta à Praça”.

O Papa Francisco comandou a Igreja Católica por 12 anos. Foi eleito em 13 de março de 2013, no segundo dia de Conclave, após a renúncia do antecessor, Bento XVI. O 266º Papa foi o primeiro das Américas e primeiro sul-americano a assumir o posto; foi também o primeiro Papa não europeu em mais de 1200 anos.

Foto: Vatican News


“Morte discreta”

Segundo o Vaticano, após sua aparição nas celebrações de Páscoa, Francisco jantou e descansou tranquilamente. Por volta das 05h30 da manhã no horário de Roma, o Papa apresentou os primeiros sinais de indisposição, sendo prontamente atendido. Cerca de uma hora depois, entrou em coma. O falecimento ocorreu às 07h35 (2h35 no horário de Brasília).

“Uma morte discreta, quase repentina, sem longas esperas e sem muito alarde para um Papa que sempre manteve suas condições de saúde em segredo. Uma morte que ocorreu no dia depois da Páscoa, no dia depois de ter abençoado a cidade de Roma e o mundo, no dia depois de ter novamente, depois de muito tempo, abraçado o povo”, informou o Vaticano.

Um boletim médico divulgado pela Santa Sé informou que Francisco foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), seguido por coma e colapso cardiovascular irreversível.


Vida pessoal

Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina. Diplomou-se como técnico químico, mas depois acabou optando pelo sacerdócio. Foi criado no bairro de Flores, que abriga a atual sede do time de futebol San Lorenzo, do qual o Papa Francisco era torcedor assumido. Na juventude, teve uma grave doença respiratória, que resultou na retirada de parte de um dos pulmões do futuro pontífice.

Em 1963, licenciou-se em filosofia no colégio de São José em San Miguel. Entre 1964 e 1966 lecionou as disciplinas de literatura e psicologia em colégios de Santa Fé e Buenos Aires. Em 1970, completou a formação em teologia, iniciada em 1967.

Entre idas e vindas, atuou como professor na faculdade de teologia e reitor do colégio de São José. Em 1986, viajou para a Alemanha a fim de concluir sua tese de doutorado.


Coincidência

O número de associação do Papa Francisco como sócio torcedor do San Lorenzo chamou atenção após sua morte: 88235. O pontífice morreu aos 88 anos, às 2h35 no horário de Buenos Aires.


Atividade eclesiástica

Ao decidir seguir o sacerdócio, Papa Francisco ingressou no seminário diocesano de Villa Devoto. Em 11 de Março de 1958 entrou no noviciado da Companhia de Jesus, o que fez dele, posteriormente, o primeiro Papa Jesuíta da história.

Foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969. Entre 1970 e 1973 continuou sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha. Em 22 de abril de 1973 emitiu a profissão perpétua dos jesuítas, retornando em seguida para a Argentina, sendo eleito, em 31 de Julho de 1973, provincial da ordem no país. Durante alguns anos da década de 80 e 90, atuou como diretor espiritual e confessor na igreja da Companhia, em Córdova.

Em 20 de maio de 1992 foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo Papa João Paulo II. Em 03 de julho de 1997 foi promovido a arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Com a morte do cardeal Quarracino, até então Arcebispo, assumiu o posto em 28 de Fevereiro de 1998.

Em 21 de Fevereiro de 2001, foi criado Cardeal pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de cardeal-presbítero de São Roberto Bellarmino. Em 2005, foi eleito presidente da Conferência episcopal argentina, sendo reconduzido ao posto por mais um triênio em 2008. Também em 2005, participou do Conclave que elegeu Bento XVI após a morte de João Paulo II.

Foi eleito papa em 13 de março de 2013, escolhendo o nome de Francisco, segundo ele, como referência a Francisco de Assis, devido a “sua simplicidade e dedicação aos pobres”.


Velório e sepultamento

O velório público de Francisco teve início na quarta-feira, 23, na Basílica de São Pedro, após procissão pela Praça Santa Marta, no Vaticano. O caixão do pontífice será fechado às 15h desta sexta-feira, 25, no horário de Brasília (20h no horário de Roma). O funeral ocorrerá a partir das 05h (horário de Brasília) deste sábado, 26, também na Basílica de São Pedro. De lá, o caixão será levado para a Basílica de Santa Maria Maior, onde vai ser sepultado, conforme pedido do pontífice em testamento.

 


Conclave

Com a morte de Francisco, a Igreja Católica deverá escolher um novo Papa, por meio do Conclave, cerimônia em que o Colégio de Cardeais realiza a votação para eleger o novo pontífice. Participam do Conclave todos os Cardeais com menos de 80 anos. Neste momento, 135 se enquadram neste critério. Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos, que são secretos e depositados em uma urna. Após a votação, as cédulas são queimadas. Caso um cardeal seja eleito, a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina, local da votação, tem a cor branca.

Ainda não há data definida para o início do Conclave, que geralmente acontece entre 15 e 20 dias após a morte do Papa. Durante essa eleição, os cardeais podem realizar até quatro sessões de votação por dia, sendo duas pela manhã e duas à tarde.

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