Falta de médicos prejudica realização de perícias do INSS no Vale do Iguaçu

A população do Vale do Iguaçu tem enfrentado sérias dificuldades quando o assunto é agendar uma perícia médica no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Tanto em União da Vitória quanto em Porto União, não há, neste momento, médico perito disponível para realizar as perícias relacionadas ao benefício por incapacidade – antigo auxílio doença. Com isso, o cidadão, obrigatoriamente, tem que fazer deslocamentos para outras cidades como Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Caçador, Videira, Joaçaba, entre outras, quando a perícia precisa ser presencial. Um transtorno que, somado a uma condição debilitante da pessoa, transforma-se em uma situação inaceitável e que vem gerando indignação.

Seja por questão econômica ou em função da própria saúde comprometida, muitos não têm meios para fazer a locomoção às cidades determinadas no momento do agendamento da perícia. Isso quando não há cancelamentos e a perícia acaba demorando meses para ser realizada. Nesses casos, o cidadão literalmente “perde a viagem”. A reportagem de O Comércio foi atrás de explicações.

Em União da Vitória, segundo o gerente da agência do INSS, André Przybysz, há um médico perito lotado na agência, mas que atualmente está afastado por problema de saúde e sem previsão de retorno desse profissional ao atendimento presencial. “Hoje as perícias são somente por atestado médico eletrônico e o encaminhamento dessas perícias deve ser feito pela internet, pelo aplicativo Meu INSS, presencialmente na agência ou então através de conveniados, que seriam advogados, sindicatos, prefeituras e, em último caso, as próprias empresas que são credenciadas a fazer o pedido do benefício/auxílio por incapacidade”, explica André.

Falta de médicos prejudica realização de perícias do INSS no Vale do Iguaçu

Foto: joc

É interessante dizer que o setor responsável pela gestão/alocação dos médicos é a perícia médica federal e não o INSS. No caso de União da Vitória, esse setor está situado em Curitiba. A reportagem entrou em contato com a médica responsável, mas não obteve resposta até o encerramento desta edição. “Uma coisa é o INSS, outra coisa é a perícia médica federal, que utiliza a estrutura do INSS para atender a demanda deles”, comenta o gerente da agência de União da Vitória.

“Aqui em União da Vitória um único médico é a mesma coisa que ficar enxugando gelo, ele não dá conta da demanda. A gente continua obrigando as pessoas a se deslocar porque ele não a a demanda, o ideal era ter uns três médicos para conseguir atender. Teve uma época que o INSS fez um convênio de contratação de médicos particulares que aí conseguiu diminuir os atendimentos represados. Vamos comparar com a cidade de Castro (no Paraná, com 67 mil habitantes). Eles estão com três médicos e em dois, três dias, eles atendem a fila. A perícia médica funciona à parte da estrutura do INSS. Eu me reporto à Ponta Grossa, que se reporta à Florianópolis (para a Superintendência), mas isso em relação ao dia a dia da parte istrativa funcional do INSS. A questão do perito a gente se reporta não à Ponta Grossa, mas sim à pessoa responsável pelo médico perito de União da Vitória. Essa pessoa trabalha na perícia médica federal em Curitiba”, acrescenta Przybysz.

Em Porto União a situação não é diferente. “Realmente não temos médico na agência de Porto União, o último que tínhamos se aposentou. Hoje é possível fazer o afastamento apenas com apresentação de atestado médico, sem a necessidade de realização de perícia, desde que não seja um afastamento superior a seis meses. Mas, nos casos em que é um afastamento superior a seis meses ou um caso em que o médico entenda que é necessária a perícia presencial, aí sim é preciso fazer e nós não temos médico nas duas cidades, é preciso se deslocar a uma cidade próxima que tenha”, confirma o gerente da agência do INSS em Porto União, João Marcelino Soares. Não há previsão, segundo ele, da substituição do médico aposentado.

Foto: Joc

“No nosso caso, se o médico não retornar, caso ele se aposente, não tem nesse momento perspectiva nenhuma da contratação de um novo profissional, ou seja, a agência ficaria sem perito médico lotado”, lamenta André Przybysz.

Novidade em breve

O INSS de União da Vitória não atende apenas cidadãos do município, mas também de outras cidades como Paulo Frontin, Paula Freitas, Porto Vitória, General Carneiro, Bituruna e Cruz Machado. E, no meio de tantas dificuldades por conta da falta de médicos peritos, há uma boa notícia. Em breve, a agência local deverá disponibilizar um serviço chamado teleperícia. Essa modalidade de atendimento já funciona em Canoinhas (SC) e Guarapuava (PR). “Já era para ter iniciado, nós vamos ter a teleperícia, em breve deve começar essa avaliação médica por vídeo. Tendo essa perícia, não teria necessidade da presença do médico. Hoje, no dia a dia do INSS, verificou-se que é muito mais conveniente efetuar a teleperícia, e também mais produtivo na comparação a ter um médico lotado. Essa teleperícia dependerá muito da forma como a perícia médica federal vai liberar a agenda, quantos dias por semana, teremos essa dependência”, destaca André.

A expectativa é que a teleperícia entre em operação o mais rápido possível e possa beneficiar não só os moradores do Vale do Iguaçu, mas de toda uma região que hoje sente uma espécie de descaso com a falta de peritos e a obrigatoriedade de viajar para outras localidades.

“Todos os demais serviços prestados pelo INSS funcionam a contento aqui, estão disponíveis em plataformas digitais, têm demandas de aposentadorias, demanda de pensões, salário maternidade, é um volume grande de benefícios assistenciais”, finaliza André.

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