Entrevista com Ary Carneiro Junior, prefeito de União da Vitória
Nesta semana, o programa União é Notícia – Primeira Edição, da Verde Vale FM 94.1, recebeu a presença do prefeito de União da Vitória, Ary Carneiro Junior, para uma entrevista sobre os primeiros meses de mandato.
Reproduzimos um trecho do conteúdo, que está disponível na íntegra no YouTube do Jornal O Comércio.
Jornal O Comércio (JOC): Prefeito em quatro meses, o que já deu para tirar de conclusão da situação de União da Vitória?
Ary Carneiro Junior (ACJ): Nós iniciamos a istração dia 1º de janeiro. Efetivamente no dia 06, porque o final de semana foi aquele dia 1º de janeiro, mas com várias situações de demandas, de necessidades, de ajustes para o município de União da Vitória. Nós tínhamos, e sabíamos disso, que havia uma máquina istrativa que estava com um controle não muito adequado. Trabalhamos com a equipe que entrou, os secretários, determinados a fazer a diferença, a fazer com que as coisas efetivamente trouxessem uma melhoria para o atendimento à sociedade no total, e com vários desajustes em alguns setores. Especificamente no início, bem inicial mesmo, nós tivemos o problema na farmácia, onde tínhamos uma farmacêutica só com duas farmácias, quando não poderia estar ocorrendo. Tínhamos uma forma istrativa não adequada no nosso entendimento. Por isso mesmo concorremos à eleição para buscarmos melhorias para a sociedade de União da Vitória.
Temos trabalhado de lá para cá diuturnamente em todas as secretarias. Nós tivemos que fazer ajustes em função da parte financeira do município, porque nós temos compromissos que foram contratados com o município de União da Vitória através do judiciário, onde os valores que têm que ser ressarcidos ao fundo do município, são valores expressivos, que irão até o ano de 2055. Isso foi aprovado por lei na Câmara Municipal de União da Vitória em dezembro de 2024. E estamos fazendo esse trabalho para segurarmos, enxugamos e fazer com que venhamos conseguir durante esse ano cumprir com aquilo que se tem de responsabilidade, ou seja, de complementar a folha durante todo o ano no valor em torno de 36, 37 milhões de reais nesse ano de 2025. Isso, como falei, vai até o ano de 2055. Então não cessará. Essa economia forçada do município de União da Vitória terá que fazê-lo durante as próximas istrações até o ano de 2055.
É evidente que durante todo esse período do que isso irá ocorrer, poderão vir situações, existe uma emenda parlamentar hoje que tramita na Câmara e no Senado, a emenda 66, que de certa forma diminuiria um pouco o impacto para os municípios. Não é a primazia do município de União da Vitória, são mais de 2.000 municípios no Brasil que tem esse tipo de situação, com uma dívida estratosférica de 1.3 trilhão de reais. Então é um problema de mais de 2.000 prefeituras municipais que tem essa situação, cada uma com as suas necessidades e os seus valores.
Mas nós sabíamos durante a campanha, e antes mesmo, nós sabíamos dessa situação. Isso não é nenhuma surpresa. E o gestor que entrar sabe que essa responsabilidade tem que ser cumprida por acordo feito entre o judiciário, a Câmara de Vereadores e o executivo do município de União da Vitória. Então temos uma istração que está sendo bem enxuta, muito enxuta. E o que é importante que eu observo é que os secretários municipais que estão hoje nomeados no município de União da Vitória, são todos técnicos, cada um em sua área, e eles estão trabalhando com esse foco. Com muita responsabilidade e com uma determinação muito grande. Toda a equipe está muito envolvida (…).
JOC: Prefeito, atualmente a UPA é terceirizada. Vai continuar dessa forma? Até quando vai o contrato?
ACJ: A UPA hoje ela é terceirizada por uma concorrência pública, onde a empresa ganhou e essa empresa está contratada até o mês de junho, próximo mês, e ela tem as condições de renovação. O problema não é a empresa. Porque a própria empresa ela tem a estrutura montada e você tem os profissionais médicos que muitas vezes nós tivemos problemas, tivemos um problema extremamente sério, inclusive de profissional que a empresa retirou e é de responsabilidade deles, não é do município. O grande nó é o seguinte: o ideal é, de repente, vamos supor, nós tocarmos toda ela com a mão de obra do município. Isso seria muito legal, muito bom. Só que aí vem o impacto na folha de pagamento. Esse é um grande problema. O gestor municipal tem um limite que não pode ultraar 54% da arrecadação do município para ser gasto com os funcionários públicos municipais para todas as áreas. E o município de União da Vitória trabalha no limite prudencial, ou seja, não ultraamos os 54%, mas estamos próximos, aos 50%, 54%, que é o que chama-se limite prudencial 50%. Se você fosse contratar todos os funcionários necessários para você tocar a UPA, todos eles concursados pelo município de União da Vitória, nós ultraaríamos esse limite. Então, a estratégia que se tem da terceirização é por uma necessidade absoluta. Você não pode estar indo para dentro da parte legal. Você tem que estar absolutamente dentro do espaço correto e nós não podemos ultraá-lo. Então é uma maneira que se tem e, de certa maneira, eu diria que a UPA melhorou bastante a gestão dela. Eu tenho observado nesses últimos 40, 60 dias já uma melhora significativa.
E eles fazem um número de atendimento muito grande, porque a UPA teoricamente seria uma unidade de pronto atendimento, ou seja, quem chegasse ali, deveria estar numa situação de urgência ou emergência. E na verdade, isso, como volto a salientar, não é primazia de União da Vitória, isso é em todos os locais onde estão implantadas as UPAs, elas se transformaram além da unidade de pronto-atendimento em um grande posto de saúde, onde as pessoas vêm. Para você ter uma ideia, em União da Vitória, durante o dia você tem quatro profissionais médicos trabalhando as 12 horas do dia e 3 horas durante a noite todos os dias. Então são profissionais que estão ali. Com isso, as pessoas, claro, se sentem mais confortáveis e vão diretamente ali e ficam esperando. Porque, como se tem uma demanda muito grande, você tem número excessivo que seria de quatro médicos, se você fosse só uma UPA normal, você não precisaria de um número tão grande, mas pela demanda que se tem, a empresa tem que colocar os profissionais, tem que dar o atendimento. E aí muitas vezes as pessoas ficam esperando e muitas ficam esperando e não são atendidas, se o profissional não tem empatia, de uma forma adequada. E aí com a justa e merecida reclamação, se a pessoa não é bem atendida, ela sai realmente fazendo a crítica que a gente entende perfeitamente. Quem lida com o ser humano sabe que é assim.
O que é importante é que aqui em União da Vitória, com todas as dificuldades, até hoje ninguém teve qualquer problema de que, simpaticamente ou não, não tenha tido o seu direito de ser atendido. (…).
JOC: Quanto a coleta do lixo reciclável, o que o senhor pode falar para a população, que tem reclamado sobre essa situação?
ACJ: É muito bem colocado porque a reclamação é justa e correta e nós não estamos nada, nada, nada satisfeitos. Nós estamos absolutamente insatisfeitos e a população muito mais. O que que acontece? O sistema que ali estava implantado, e que está implantado ainda em União da Vitória, tinha dois sistemas, o de coleta e do destino. E essa coleta, ela sempre esteve insuficiente, só que existem as empresas que detinham essa situação de estarem operando o sistema. Então foi necessário cumprir toda parte legal. Nós estamos cumprindo e sendo absolutamente legais, nós não podemos incorrer na ilegalidade, mesmo porque nós trabalhamos com seres humanos e tem as empresas que estão trabalhando, tem os seus funcionários, tem as pessoas que participam e se são insuficiente ou não, aí a gestão é obrigada a fazer e tomar as atitudes necessárias.
Então foram desabilitadas empresas que não estavam corretas no sistema de coleta do lixo, dos resíduos, e isso veio acontecendo. Foram algumas desclassificadas e retiradas. Nós fizemos a licitação para um novo sistema, ocorreu a abertura da licitação. Acontece que uma das empresas que participou, ela agravou juridicamente, por que ela foi desclassificada, por pensar, no seu entender de que tem o direito e quem agravou essa ação está novamente na justiça para que a gente tenha um processo absolutamente legal.
Mas nós vamos solucionar. Você pode ter certeza, nós imaginamos que agora em março já teríamos solucionando. Como houve essa demanda na justiça por intervenção da empresa, vamos aguardar o que a justiça nos determina e vamos cumprir, mas só que vamos solucionar esse problema nos próximos meses com toda certeza.
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