“É gratificante saber que o Batalhão faz diferença na vida das pessoas”
Em 2024, o 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado (5º Be Cmb Bld) cumpriu missão de apoio à Defesa Civil durante a Operação Taquari II, durante as enchentes do Rio Grande do Sul. Em celebração ao aniversário de 112 anos do 5º Be Cmb Bld, comemorado nesta quinta-feira, 1º de maio, conversamos com o Comandante Tenente-Coronel Agostini a respeito dessa característica tão marcante do 5º Be Cmb Bld de atuação em prol da comunidade.
Jornal O Comércio (JOC): Como o 5º Be Cmb Bld foi acionado para atuar nas enchentes do Rio Grande do Sul?
Tenente-coronel Agostini (TCA): O Batalhão foi acionado no dia 1º de maio pelo escalão superior, que é a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada. Foi um acionamento por parte do estado do Rio Grande do Sul, que chegou até o Governo Federal e assim fomos acionados aqui pelo nosso escalão superior. E de imediato, revelando nossa prontidão, em duas horas o Batalhão já estava em condições, já tinha um pessoal partindo lá pro Rio Grande do Sul.
Atuamos, em uma primeira fase de salvamento da população. Nossas embarcações tiveram uma ajuda significativa no salvamento na grande Porto Alegre, na região metropolitana.
Atuamos em várias fases. Primeiro na fase de salvamento, depois em uma fase de abertura de caminhos. Muitas estradas estavam trancadas por alguma queda de barreira. E depois também atuamos em uma fase de reestruturação das infraestruturas lá do estado.
JOC: Quanto tempo o 5º Be Cmb Bld permaneceu no Rio Grande do Sul, comandante?
TCA: O Batalhão ficou de 1º de maio até o final de dezembro. Até o dia 25 de dezembro de 2024 ainda tínhamos pessoal lá no terreno. Houve um revezamento das equipes, e foram várias atividades realizadas.
Tivemos a construção de uma estrada que também foi levada com a enchente e, com isso, ficou um pessoal bastante tempo lá em Vista Alegre do Prata. Tivemos também um pessoal que ficou com embarcações, com a portada pesada, em Rio Grande por mais de 45 dias por conta de uma ponte que colapsou e a população local ficou isolada. E também, em uma fase final, lançamos uma ponte lá em Santa Maria. Foi uma ponte de 60 metros, que é a nossa maior capacidade de lançamento de pontes e, inclusive, ela está no terreno até hoje. Então, tem pessoal nosso até hoje lá guarnecendo essa ponte. São cerca de 15 militares que se revezam para guarnecer essa ponte.
JOC: Houve uma imagem que foi divulgada no Brasil inteiro de uma ponte lançada pelo 5º Be Cmb Bld em Lajeado, durante a Operação Taquari II. Chamou a atenção pois parecia que a ponte ficava sobre uma espécie de boia. Explique como funciona esse equipamento.
TCA: É uma equipagem que temos aqui, uma adeira. Ela é utilizada em operações para a transposição de curso d’água, em que a tropa avança para a margem inimiga ando por essa adeira. E ela também serve em apoio à Defesa Civil, uma vez que as pessoas transitam por cima dela. Ela é lançada em painéis e es flutuantes, e é interligada nas duas margens, o que possibilita que as pessoas cruzem de um lado ao outro do rio.
JOC: Quantas pessoas foram impactadas pela ajuda do nosso Batalhão de Porto União nas enchentes no Rio Grande do Sul?
TCA: Na primeira fase, de salvamento, foram mais de 600 pessoas resgatadas inicialmente. Mais de 50 animais também. Mas a utilização das adeiras e das pontes impactou mais de 10 milhões de pessoas, e ainda está impactando, pois ainda tem pessoas transitando nas nossas pontes. É um impacto significativo em apoio à população.
JOC: Caso venha a acontecer um outro desastre climático, o Batalhão tem condições de ir para qualquer lugar do país prestar auxílio?
TCA: Exatamente. O próprio histórico do Batalhão é de apoiar esse tipo de atividade quando for preciso e a nossa preparação visa também essa prontidão. E quando a população precisar no assunto de Defesa Civil, o Batalhão estará pronto, como foi na Operação Taquari II, na qual em 2 horas já estávamos partindo em direção ao Rio Grande do Sul para apoiar a população.
JOC: Como funciona o planejamento para que a equipe esteja preparada em um curto espaço de tempo?
TCA: Nós temos alguns treinamentos de acionamento do pessoal para questões de prontidão. Inclusive, neste mês tivemos um treinamento. O pessoal cumpre os horários para acionamento. E a nossa prontidão inclui a prontidão logística, de estar sempre com os meios disponíveis, além da prontidão operacional do pessoal, que está sempre treinando para quando for acionado estarmos nesse curto prazo já em condições de partir.
JOC: Houve um agradecimento oficial por parte do Rio Grande do Sul? Aconteceu algum tipo de reconhecimento nesse sentido?
TCA: Sim, tivemos vários tipos de atividades de reconhecimento lá no Comando Militar do Sul. Particularmente, houve alguns eventos em que o Batalhão foi homenageado. Inclusive, estamos desmontando uma ponte lá em Itapema(SC), que também foi lançada em apoio à Defesa Civil, e está previsto também um agradecimento pela Prefeitura e pelos órgãos da região.
JOC: Para o senhor, qual a sensação de servir ao País ajudando a população nos momentos de necessidade?
TCA: É bastante gratificante, por mais que seja nossa missão, mas é gratificante saber que o Batalhão faz diferença na vida das pessoas, que ajuda nos momentos de crise e está sempre pronto para apoiar em qualquer situação.
JOC: Que tipo de atividade é realizada diariamente aqui no Batalhão?
TCA: Nós temos várias fases. Inicialmente, temos a incorporação dos soldados, dos recrutas. Temos, ainda, a incorporação na matrícula dos alunos do NPOR. Temos o período de formação básica, que é a instrução individual básica. Depois eles entram num período de qualificação em que se dividem em várias qualificações que existem no Batalhão. Depois, seguem para os períodos de adestramento, primeiro em nível pelotão, depois em nível companhia, e um adestramento final que é de todo o Batalhão já inserido na Brigada. Nós somos subordinados à Quinta Brigada de Cavalaria Blindada. Essas são as atividades do dia a dia.
JOC: Se o batalhão for acionado, que tipo de apoio ele consegue prestar?
TCA: Uma das nossas missões é a defesa externa. Então, nossos adestramentos seguem um plano para estarmos em condições, em prontidão para defesa externa. E também as ações subsidiárias, que são as ações de Defesa Civil. O Batalhão tem um know-how e um um histórico de emprego de apoio à Defesa Civil bastante significativo. Como foi em 2023 nas enchentes aqui da região e em 2024, em que estivemos no Rio Grande do Sul.
JOC: Como o senhor vê o Batalhão inserido na comunidade?
TCA: Na nossa visão, o Batalhão faz parte da sociedade. Somos integrantes da sociedade e existimos para servir à sociedade, dentre elas a sociedade aqui de Porto União, União da Vitória e de todos os municípios da região. Fazemos parte da sociedade e o Batalhão está sempre de portas abertas para aqueles que quiserem visitar. Estão sempre convidados para as nossas solenidades, tanto do aniversário do Batalhão, como datas comemorativas, como do Dia do Exército, Dia do Soldado. São várias atividades que sempre convidamos a população para estar presente.