“Buscamos aproximar cada vez mais a população à Polícia Militar”, diz comandante do 27º BPM

Em 14 de janeiro, o 27º Batalhão da Polícia Militar de União da Vitória realizou a solenidade de troca de comando. Assumiu a corporação o Major Luiz Antonio Ferreira Junior. O Jornal O Comércio conversou com o novo comandante, que nos contou sobre sua jornada na Polícia Militar, além de seus planos para o 27º BPM.

“Buscamos aproximar cada vez mais a população à Polícia Militar”, diz comandante do 27º BPM

Foto: JOC

Confira:

Jornal O Comércio (JOC): Major, se apresente para a comunidade, fale sobre seu currículo, sobre sua trajetória dentro da Polícia Militar até chegar ao comando do 27º BPM.
Major Ferreira (MF): Eu ingressei na Polícia Militar em 1998. Na época, era pelo vestibular da Universidade Federal do Paraná que se entrava para a Academia da Polícia Militar. Quando me formei aspirante, no final do ano de 2000, fui trabalhar em Curitiba. Acabei trabalhando no 12º Batalhão, que cuidava da área central. Depois eu fui trabalhar no Centro de Formação e Aperfeiçoamento dos Policiais Militares, na época se chamava CEFAP. De lá eu fui para o 13º Batalhão, que cuidava da região sul de Curitiba. ei pela Companhia Independente de Polícia de Guarda, que hoje não existe mais, mas que fazia guarda do Palácio Iguaçu e também dos corpos consulares e aí, em 2007, eu fui para Pato Branco.

Eu fiquei em Pato Branco de 2007 até o finalzinho de 2024. Em Pato Branco eu trabalhei na sede do batalhão em diversas funções. Tive a oportunidade de comandar uma companhia destacada em Santo Antônio do Oeste, depois em Palmas e nos últimos cinco anos em Pato Branco eu comandei o Colégio da Polícia Militar, que tem um igual aqui, que é um outro nível de educação.

JOC: O que a população de União da Vitória pode esperar dessa nova gestão do batalhão?
MF: O que nós buscamos aqui é aproximar cada vez mais a população à Polícia Militar. A Polícia Militar, se não estiver próxima da população, a gente não consegue as informações necessárias para aperfeiçoar o policiamento preventivo. Esperamos também que o nosso policiamento preventivo seja mais visto nas cidades, que a população enxergue mais a Polícia Militar trabalhando. Lembrando que a Polícia Militar trabalha para 99% da população. Aquele 1% que é a marginalidade, a gente trabalha para apreender. Mas o nosso papel principal é atender a população de bem, é estar ao lado da população de bem, realizarmos o policiamento de proximidade com essas pessoas. É isso que nós buscamos fazer aqui na região do 27º Batalhão. Trazer a Polícia Militar para perto da sociedade.

JOC: O que o senhor pode dizer sobre as estatísticas de violência em União da Vitória?
MF: Comparando os dados de União da Vitória com os da região onde eu venho, que é uma região muito tranquila, digo para a população que aqui tem menos ocorrência do que lá. Aqui é muito tranquilo, mesmo. É claro que ocorre a criminalidade, mas não é uma coisa motivada pelo estado como um todo. Isso é uma coisa muito maior do que União da Vitória, ou o Estado do Paraná.

Os números que a gente recebe aqui de União da Vitória, de roubo, de homicídios, de furtos, furtos de veículos, são números que têm tendência de redução nos últimos dez anos. E, em compensação, os números que estão subindo na nossa região, são os números de apreensões de drogas, de produtos e substâncias ilícitas e também de situações que envolvem violência doméstica, a famosa [Lei] Maria da Penha. E aí, essa percepção que nós temos deste aumento do número das ocorrências que envolvem violência doméstica, não é que houve um aumento desse tipo de violência, mas sim que houve um aumento no atendimento da demanda reprimida ou daquelas pessoas que antes não acionavam a Polícia Militar. É feito um grande trabalho aqui na região. Nós temos uma equipe que após o registro das ocorrências de violência doméstica e após a expedição do mandado de prevenção, a Polícia Militar vai até a residência dessas pessoas verificar como é que está sendo. Isso tem criado uma relação de confiança entre as mulheres e a Polícia Militar. Para nós, vermos esses números subindo é muito positivo. Nem sempre os números da segurança pública eles têm que baixar. Algumas vezes eles precisam aumentar, o que demonstra essa relação de confiança entre a sociedade e a Polícia.

Uma das maneiras que nós temos para divulgar essa parceria com a Polícia Militar é um número de telefone de WhatsApp que nós estamos divulgando para que a população mande mensagem nesse número quando ela tiver denúncias. Não é um número que você vai mandar mensagem e a gente vai te responder na hora ou que a gente vai deslocar uma viatura, mas é um número de WhatsApp que vai ser usado para um banco de dados de informações nosso, que nós vamos utilizar para verificar essas situações. Mas é claro que a gente está buscando situações de gravidade. “Ah, eu quero denunciar o meu vizinho que está com o som alto”. Neste caso, a gente orienta a população que ligue no 190 ou que faça o e a denúncia pelo aplicativo 190. Esse WhatsApp é para [aqueles casos em que a pessoa quer dizer] “olha, o meu vizinho está comercializando droga, o meu vizinho vende umas peças aqui que eu não sei de onde são”. São para outros tipos de informações.

JOC: Esse WhatsApp serve também para denúncias de violência doméstica?
MF: Pode fazer, só que o atendimento não é imediato. Então, se é uma pessoa que está sendo agredida naquele momento, liga 190, ou aciona através do aplicativo 190. Este atendimento [pelo WhatsApp] não é um atendimento direto. Além do WhatsApp de denúncia, que é (42) 3523-2307, a gente também tem o 181 que pode ser utilizado para fazer denúncia. A gente trabalha com essas duas bases de dados.

Dia desses nos procuraram no Batalhão, dizendo que não conseguiam mais ligar no 190. Eu queria deixar claro para a população que o 190 nosso, hoje, ele é centralizado em Curitiba e que ele funciona, ele funciona muito bem. Mas se você não está conseguindo completar a ligação, esse é um problema que nós temos percebido com algumas operadoras. Então a operadora A ou B não funciona, mas a C e a D estão funcionando. Muitas vezes o fixo não está funcionando. O que a gente sugere para a população é que nesses casos específicos, primeiro, baixe o aplicativo 190 e segundo, entre em contato com a Anatel e faça uma reclamação da operadora. Isso, é importante dizer, que é um problema da operadora e não da Polícia Militar do Paraná.

JOC: Como o senhor encontrou o 27º Batalhão de Polícia Militar em termos de infraestrutura?
MF: A gente sempre quer mais, sempre acredita que precisa de mais. Se tivermos mais viaturas ou viaturas mais novas é melhor, se tivermos mais efetivo é melhor, mas nós precisamos trabalhar e fazer o nosso melhor com aquilo que nós temos. Então é isso que a gente vai buscar, até porque se a gente parar para pensar em efetivo, houve uma informação pelo governo do estado da abertura de um edital, nós também estamos esperando este edital para ler, porque para nós é uma novidade, é um edital onde vai ser exigido o curso superior. Haverá muitas mudanças, mas isso leva um pouco mais de dois anos entre o lançamento do edital até a formatura. Então não tem como nós esperarmos esses dois anos [pensando] “ah não, eu vou mudar o policiamento daqui dois anos”. Nós temos que fazer o nosso melhor com o que nós temos agora. E ainda temos que pensar que nesses dois anos muitos policiais ainda podem se desvincular da Polícia Militar, ou por aposentadoria, ou porque não querem mais ser, ou porque aram em outro concurso. Eu tenho que trabalhar com o que eu tenho. Eu tenho que aperfeiçoar e modificar, ampliar, trazer mais sensação de segurança com a quantidade de policiais que eu tenho hoje. Dizer que precisa de mais policiais, todo mundo quer mais policiais. Acho que essa é uma busca de todos. Mas temos que fazer melhor com o que nós temos. E o que está sendo feito é muito bom, mas nós temos que melhorar, sempre melhorar, sempre buscar o melhor. Quando nós chegarmos no 100%, o 100% tem que virar 90 e a gente tem que buscar de novo 100%. A gente sempre tem que estar buscando aperfeiçoar o que já está bom.

JOC: Comandante, na sua visão, o que é fundamental para que o cidadão tenha sensação de segurança?
MF: A sensação de segurança é uma terminologia que se refere a como aquela pessoa se sente em relação à segurança na sua localidade. É claro que ninguém quer sofrer um crime, ninguém quer ser furtado, ninguém quer ser roubado, ter a sua casa invadida. Mas, se isso acontecer, o que aquela pessoa espera? Que o Estado dê a resposta para ela. É isso que a gente quer trazer para a sociedade, esta sensação de segurança.

A segurança em si, seria a ausência de crime. E a ausência de crime é uma utopia. Nós temos que trazer a sensação de segurança, fazer com que a população saiba que a Polícia Militar, que as forças de segurança estão aqui para proteger ela e que, se em algum momento houver essa ruptura da segurança dela, nós estaremos lá, prontos para reestabelecer esta segurança da pessoa. Se ela for furtada, o que não é o ideal, mas se houver o furto, que a gente consiga fazer a prisão do criminoso e recuperar os bens que foram furtados dela.

JOC: Comandante, quais seus planos para fomentar a proximidade entre a população e o Batalhão?
MF: União da Vitória já tem uma característica especial de envolvimento da população com a Polícia Militar, que ocorre através do próprio Colégio da Polícia Militar. Dias atrás eu conversava com o comandante do Colégio e ele atende quase 2% da população de União da Vitória e região diretamente, envolvendo o aluno, o pai e a mãe. Indiretamente chega a quase 4%, 5%. A credibilidade institucional que é reada pelo Colégio da Polícia Militar na região é muito grande. Essa é uma demonstração de que a Polícia Militar busca fortalecer o policiamento de proximidade. E, junto com isso, nós vamos trabalhar alguns eventos para trazer a população para dentro do Batalhão, para fazer com que a população olhe para o policial e veja, nesta pessoa que está usando a farda, a segurança, a credibilidade, a confiança. A gente quer trazer, já existe aí há oito anos a Corrida do Cabo Abrão, que este ano vai para nona edição.

Neste ano eu gostaria muito de trazer para o Batalhão, a gente fala que gostaria porque não sabe se vai acontecer, de repente, uma prova de cicloturismo do Batalhão. Quem sabe, fazer uma prévia da Festa Junina do Colégio da Polícia Militar lá no Batalhão, aberta para a comunidade. Procurar aqui os amigos da cidade para trazer um encontro de veículos antigos para fomentar, levar as pessoas para dentro do quartel.

As pessoas têm essa ideia de que dentro do quartel só tem bandido, que é a pessoa que está presa lá. E não, o quartel é um ambiente familiar, ele é um ambiente que deve ser aberto para toda a população. Nós queremos receber a população lá dentro e mostrar o lado humano do policial militar. Todos nós viemos do mesmo lugar. Nós viemos do seio da sociedade.

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